A palavra Bruxismo deriva do grego Brychein, que significa apertamento, fricção ou atrito dos dentes entre si, com força ou sem nenhum objetivo funcional aparente. O bruxismo ocorre quando há a fricção entre um dente e outro e o apertamento ocorre quando existe somente o contanto entre os dentes superiores e inferiores com força excessiva. O bruxismo e/ou apertamento são hábitos parafuncionais (que não estão relacionados com as funções normais) diurnos e noturnos, que podem ser classificados como doenças psicossomáticas (que resulta na influência da parte psíquica na parte física do organismo), em que existe um apertamento excessivo das estruturas dentais e que não pode ser comparado com os contatos dentais normais que ocorrem durante a mastigação e deglutição (ato de engolir). Embora alguns movimentos sejam iguais àqueles que ocorrem durante a mastigação e deglutição, os movimentos que acontecem durante o bruxismo/apertamento são danosos para o paciente.
A ocorrência desses hábitos parafuncionais durante o dia é menos frequente, porque o indivíduo consciente (acordado) consegue controlar melhor a quantidade de força colocada sobre os dentes e a tensão, contração e estiramento muscular. Quando a pessoa está dormindo, não existe um controle dos mecanismos conscientes, e é por isso que o bruxismo/apertamento acontecem de forma mais intensa e, frequentemente, estão relacionados com o estresse e tensão emocional. Muitos medicamentos antidepressivos
também aumentam o grau de apertamento e bruxismo. Os hábitos noturnos geram forças de mordida muito intensas, que resultam em sobrecarga para os dentes, para os ossos nos quais os dentes estão inseridos, para os músculos da mastigação e articulação temporomandibular (a que une a mandíbula e a maxila).
O bruxismo e o apertamento podem trazer diversas consequências ruins para os pacientes. Nos dentes, o atrito gerado pode causar desgaste intenso, inflamação, necrose da polpa
(problema de canal) e mobilidade. Quando a força é muito grande podem ser observadas fraturas dentais que até podem causar a perda dos dentes, dependendo de sua extensão. A movimentação intensa ainda pode causar modificação na posição dos dentes e, se o paciente possui implantes dentais instalados em sua boca, podem ocorrer perdas dos implantes, pois esses não suportam as forças excessivas dos hábitos parafuncionais. Nos músculos,
podem ser observadas dor e fadiga. Além disso, a tensão muscular pode desencadear episódios de dor de cabeça e enxaqueca. Na articulação temporomandibular,
podem ocorrer dores e ruídos e até desgaste
ao longo do tempo. É importante dizer que os músculos da mastigação são capazes de gerar forças muito intensas. Durante os hábitos normais de mastigação e deglutição, as forças geradas são de 7 até 25 kg. Já durante os hábitos parafuncionais, as forças geradas chegam à dimensão de 150 kg.
Esse conjunto de alterações acima citado frequentemente causa grande irritabilidade, cansaço e sensação de fadiga no paciente. Além disso, a hiperfunção dos músculos da mastigação pode causar diminuição da coordenação e, como consequência, traumas de mordida na bochechas, lábios e língua.
Desta forma, o profissional deve se atentar a todos os sintomas dos pacientes para que o diagnóstico seja o mais precoce possível, a fim de que danos irreversíveis sejam evitados. A análise minuciosa dos sinais e sintomas indicará ao profissional qual a forma de tratamento
a ser adotada (placas miorrelaxantes, acompanhamento psicológico, verificação da possibilidade de troca do medicamento antidepressivo
– a ser realizada pelo médico), tendo como objetivo a obtenção da saúde e bem estar do paciente.
Texto elaborado pela Equipe Portal do Sorriso